Nas Taipas, a lua fala, canta, toca instrumentos musicais, dança, escreve...
Vivemos num tempo em que o reconhecimento perdeu o seu lugar. As pessoas parecem ter esquecido o valor de agradecer, de valorizar o esforço do outro, de enaltecer o mérito quando ele existe. Nas Taipas fala-se muito e faz-se pouco. É a terra do deita abaixo por excelência.
Desculpem, mas moro aqui numa aldeia vizinha e continuo invisível para muita gente. E eu nem sou pequena, nem magrinha e, quando a mostarda me sobe ao nariz, bato e não é pouco. Sempre fui franca, direta e frontal e isso granjeou-me muitos inimigos, porque numa sociedade que corre apressada, distraída, absorvida pelas redes sociais e pelos números que substituem o valor humano, as pessoas deixaram de ter interesse. Hoje, mais do que nunca, o que é genuíno e verdadeiro tem dificuldade em ser visto.
A falta de reconhecimento é um espelho do nosso tempo. Já quase não se reconhece o trabalho silencioso, aquele que se faz por amor e não por destaque.
Há pilares de uma comunidade que não são valorizados: o voluntário que ajuda sem esperar nada em troca, seja na recolha de bens na igreja ou noutros lugares… Os escuteiros que ajudam e ensinam valores, quando a escla e a família se mostram incapazes de o fazer. O Rotary, que, apesar de existir há 27 anos nas Taipas, de ter um banco de cadeira de rodas que já ajudou mais de 670 pessoas e, este ano, doou um drone aos BVT, continua a não ver reconhecida essa organização não governamental a que pertence por não publicar em grandes parangonas o que faz. O pequeno comerciante, que procurou manter viva a tradição foi afastado, porque aquele centro nunca é visitado. Entra-se por uma rua lateral, que nada tem de bonita, e quase nos enfaixamos naquele bico e, quem vem do parque, só não salta aquele pedaço de passeio que comeu a estrada, ninguém sabe porquê, se estiver atento. E já houve quem saltasse. Para sair da vila, vai-se pela variante. O Centro? Morreu. Eu, que moro em Barco, não me lembra de lá passar. Só quando faço análises e, pormenor que me saltou à vista- não sei se já foi corrigido- os poucos bancos bancos estão de costas para o coreto, porquê? Para andar às voltas e reviravoltas, então sigo em frente pela variante. Os professores, que acreditam que é possível mudar o mundo ou não seguiam a carreira docente, creem numa sociedade em que o seu contributo raramente ganha voz ou visibilidade. São como a mosca que teima em sair através do vidro, mas ainda bem que há alguns que continuam a vestir a camisola, porque, quando digo que tenho saudade dos alunos, dizem que estou doida. Acho que sempre padeci desse mal ou não estava na escola das oito da manhã às oito da noite e cheguei a ficar fechada duas vezes lá dentro. Felizmente, já havia telemóvel.
O reconhecimento não é vaidade; é respeito. É o ato de olhar o outro e dizer: “Vejo o que fazes. Isso tem valor.” Mas esse olhar anda em falta. Estamos tão ocupados em correr que já não paramos para agradecer. E quando o reconhecimento se perde, perde-se também a ligação entre as pessoas. Uma comunidade sem reconhecimento é uma comunidade que esquece as suas próprias raízes.
Comecei por dizer que nas Taipas, a lua fala, canta, toca instrumentos musicais, dança, escreve…
Para quando o Concerto com a Elisabete Matos, uma soprano maravilhosa, reconhecida mundialmente, menos nas Taipas, que, em 2013, afirmou aos meus Pequenos Jornalistas da EB23 que se estava a pensar, talvez muito em breve. Não sei o significado de «breve» para os Taipenses já que continuo a ser aquela que veio do Porto. Na minha terra e aqui, significa num espaço de tempo «curto». E não é só a Elisabete que canta, temos os cantares tradicionais,,, Nas Taipas toca-se, é a era da música por excelência, começando pela família Matos, temos também o maestro Vítor Matos, o Sérgio Silva que tem/ terá uma belíssima voz de tenor e que ainda estuda, mas que cantou uma obra em primeira audição que eu postei, tem os cantores de fados, para já não vou falar do popular, tem os cantores pop, rock, hard rock…
Nas Taipas, toca-se música, seja na escola de música, seja nas aulas de Música, seja o trompete do Sérgio Silva, o violoncelo do Hugo Freitas, o violino da própria Elisabete Matos que tantas vezes ouvi, quando passava pelo centro. Nas Taipas, sempre houve bandas de música, houve o MAT (Movimento Artístico das Taipas), em que estas se multiplicaram e criaram o Barco Rock Fest que chegou a internacionalizar-se, mas que acabou por morrer, por falta de apoios camarários e não só, porque a juventude deixou de entrar porque perdeu interesse pela música, exceção feita aos jovens que frequentam a Escola de Música Fernando Matos (meu comega na Escola tantos anos e que punha os aluns a tocar) e que alimentam a Banda Filarmónica de Caldas das Taipas.
A maioria dos grupos de rock não os sei citar. São muitos. Apenas menciono dois (os Theo com o Conde e os Segundo Minuto com o meu filho Carlos Pedro) que, em 2016, fizeram uma magnífico concerto pro bono no Auditório dos BVT a favor do Rotary «Noite de Rock», não sei se foi este nome.
Para quando a repetição de um espetáculo ao 25 de abril, em que, no auditório dos BVT, se movimentaram mais de 50 músicos, jovens e menos jovens (7 bateristas, 13 baixistas, 4 cantores e por aí fora)… Fez-se festa, houve música, recordou-se o 25 de abril que estas eleições, desculpem-me, enxovalharam em muitos locais. Mas não quero política.
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Maria Teresa Portal Oliveira
A ALQUIMIA DAS PALAVRAS

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