Frequentemente, em momentos de pausa, adoro ouvir música clássica. Há dias em que não vejo séries televisivas, não tenho paciência para prestar atenção ao enredo de um filme, não me apetece ler. Então ouço MÚSICA CLÁSSICA, a minha psicanalista por excelência e, loo, voo para outras imagens. Foi o que aconteceu com este poesia. Ouvia o Pavarotti e «A lágrima» impôs-se. Influència do título da ária?Não sei. Voei e saiu esta lágrima.

A lágrima


Se a lágrima é repositório de sal e água

Contém o mar refúgio da alma

Nela navego em silêncio ou altos brados

Não sei onde chego nem onde paro

Escorrego pela face suave

E caio na roseira

Aprecio-a maravilhada

Não está desfolhada

O perfume adocicado

Abraça-me por todo o lado

E procura roubar o eu

E levá-lo, não o meu.

A causa?

Não há tristeza

Apenas admiração pela beleza

O espirro chega e o eu assusta

Foi surpreendente, assim, de repente.

Frio? Arrepios…

Nas pegadas regresso

E tantas vezes espirro

Que o avô acordo.

Conta-me a história da lágrima fujona

Prisioneira da memória

Uma recordação feliz

De quando era petiz.


Maria Teresa Portal Oliveira

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