Memórias de uma professora 2

Escola é escola…


Apesar das mudanças, visíveis ou não, o conceito de escola mantém-se inalterado. Não há escola se não houver alunos para aprenderem, professores para ensinarem e fazerem aprender, pais/ encarregados de educação para ajudarem (e desajudarem) e conteúdos para serem transmitidos (e assimilados!), o chamado currículo no seu todo formal, informal e oculto, este último muito importante. E, sendo a escola um local tão polémico, ponto de encontro de “culturas” tão divergentes dos vários intervenientes no processo educativo, não admira que, na gestão escolar, se tenha de gerir e lidar com a/s indisciplina/s geradas no seu seio.

Mais do que teorizar sobre o que seria a escola ideal numa base utópica, temos de nos confrontar com a escola real do quotidiano que não se compadece com uma procura de soluções rápidas num qualquer manual à mão de semear. As vivências boas e más foram-se e vão-se arrumando nos escaninhos da memória e, para alguns, a motivação mantém-se desde a primeira hora, por amor à camisola, por teimosia, por vocação, se bem que esta palavra cause controvérsia. Estes são os professores carismáticos, que conseguem transformar as situações mais problemáticas em situações mais motivadoras para a aprendizagem pelo insólito e desusado e alterar a carga energética das experiências negativas em positivas. Normalmente, estes professores são os que estipulam regras na sala de aula sem serem inflexíveis. Têm o chamado jogo de cintura e sabem ouvir os alunos, sem nunca os abandonarem. Depois, há os outros a quem tudo acontece, pois desde logo abdicam da sua autoridade sendo subjugados. E a grande maioria situa-se numa zona cinzenta e vão enfrentando ou procuram enfrentar a difícil tarefa de ensinar com alguma competência e eficácia.



Disse um pedagogo italiano que para ensinar Latim ao João, mais do que saber Latim, é preciso conhecer o João. Acho que em todas as etapas a relação afetiva que se estabelece entre o professor e os alunos é uma constante. Os alunos aprendem daqueles professores que amam e, por sua vez, quando o professor ama a sua missão e ama as pessoas, torna possível o processo educativo e o processo de aprendizagem, porque o verbo aprender, tal como o verbo amar, não se podem conjugar no imperativo. Não se pode obrigar uma pessoa a apaixonar-se por outra, tal como não se pode obrigar alguém a aprender. Despertar o desejo de aprender; despertar o desejo de ser uma pessoa melhor, só se consegue com amor.” (Guerra, Miguel Santos; A vida de professor é apaixonante; p.10).


Maria Teresa Portal Oliveira

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