Memórias de uma professora 6

Quando em profissionalização em exercício, aprendi a fazer o que, na altura, chamávamos de roda da avaliação, em que cada fatia correspondia a um dos parâmetros que seriam avaliados ao longo do ano: assiduidade e pontualidade, participação nas aulas, TPC, testes sumativos, testes de compreensão oral, trabalhos de expressão escrita, trabalhos de grupo, leituras recreativas, leituras obrigatórias, fichas de gramática… e, ultimamente, os portefólios. Nas primeiras aulas do ano letivo, sempre fiz esse registo nos cadernos diários para desmistificar o “peso” absurdo que pais e alunos dão aos testes. Um erro em que não incorro, apesar de, cada vez mais, a escola estar a fazer um regresso ao passado, em que as aprendizagens cognitivas, ou seja, os conhecimentos estão a ter um peso substancial. O sair para fora da sala de aula, as visitas de estudo, o saber in loco, o trabalho de projeto estão a ser menosprezados por quem emana os normativos e a escola está a ficar fechada nas suas quatro paredes (de novo!), uma incongruência, já que se coloca o enfoque no trabalho colaborativo. Para mim, os testes continuam a ser apenas mais uma fonte de recolha de dados que me ajudam a classificar (uma atividade de que não gosto) e, acima de tudo, ao serem uma fonte de aferição de conhecimentos, permitem-me reformular as minhas estratégias e adotar as que melhor se adaptem a cada um dos meus alunos e procurar remediar as falhas. Eis porque muita da minha avaliação tem uma orientação formativa para ajudar a superar dificuldades que advenham de vários tipos de fatores: cognitivos, sociais, económicos, regionais… valorizando o trabalho de grupo (pequeno grupo) e o de pares e, acima de tudo, procurando cativar os jovens, motivá-los para que queiram aprender o que me proponho ensinar-lhes. Não concordo com o currículo “pronto-a-vestir” e daí detestar que me obriguem a seguir uma planificação elaborada em grupo ou a fazer um teste modelo único. Uma das minhas preocupações tem sido diferenciar para poder levar o grupo-turma ao sucesso. E manter o otimismo e não desistir.


“Digo que esta missão, esta tarefa de educar é essencialmente otimista, porque parte do pressuposto que o ser humano pode aprender, que o ser humano pode melhorar. Este princípio é otimista. Se o rejeito, rompo a educabilidade, pois esta rompe-se quando eu penso que o outro não pode aprender e que eu não o posso ajudar a consegui-lo. Por isso, sem otimismo, podemos ser bons domadores, mas não bons educadores”. (Guerra, Miguel Santos; A vida de professor é apaixonante; p.11).


Maria Teresa Portal Oliveira

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