O Pinheiro
A árvore quase secular
Abria a sua copa ao ar
Para a passarada arejar
Eram tantos os ninhos
De muitos passarinhos...
Tinha medo de arriar.
Lá, no jardim da Laurinha,
Conhecia-a desde pequenina,
Sucedera a outra igualzinha
Com a mesma boquinha
Faces rosadas, sadias
E bibes diferentes conforme os dias.
Esta era meia arrapazada
E subia aos ramos para ver os ninhos
Não lhes fazia nenhum mal
Apenas via os passarinhos
E dizia : ”Piramidal”!
Aprendera a palavra esquisita
Achara-a estranhamente bonita
E usava-a frequentemente
Aquela amostra de gente.
E o pinheiro que nascera ali
De forma acidental
O vento trouxera a semente
Lá de longe do alto da serra
E ela entrara para a terra
E o pinheiro nascera
E a mãe da Laurinha o protegera
Do frio e de temporal
Não se esquecia de o regar
E de o acarinhar
Vinha ler para a sua beira
As histórias que escrevia
E ele e a cerejeira encantados a ouvi-la.
Cresceu, casou
Daquele lar voou.
Alguns anos depois voltou
E trazia a Laurinha ainda pequenina.
Esta também lia e escrevia
Mas o que ela preferia
Era pendurar-se nos ramos
E cavalgar: “Upa! Vamos!”
Maria Teresa Portal Oliveira
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