Ao longo da história, as mães começaram por ser as fadas do lar. No passado, as mães estavam inseridas em contextos rurais ou em comunidades tradicionais, onde o acesso à educação era limitado para as mulheres. Limitavam-se a tomar conta dos filhos e a lidarem com a vida doméstica.
Nessa altura, desempenhavam um papel fundamental na formação da sociedade, na transmissão de valores e tinham um papel silencioso na construção da mão de obra do país.
O acesso à escolaridade da juventude feminina não era obrigatório, Não iam à escola, na sua maioria, e depois começaram a fazer a 3ª classe. A escola, mesmo assim, não chegava a todas as camadas sociais, mas depois do 1º grito de libertação feminina se dar na América, em Chicago, algo mudou. O acesso à educação tornou-se obrigatório, a escola prímária, para rapazes e raparigas. Depois, abriu-se o ensino secundário e as portas da universidade, ainda no tempo do Salazar. A minha mãe e mais cinco foram as seis primeiras mulheres a cursarem Farmácia, na Universidade do Porto. O mundo é muito pequeno e uma das colegas dela foi minha colega, em Fafe, pois lecionava Ciências e eu Línguas.
Porém, a maneira de ver a maternidade evoluiu significativamente, refletindo as mudanças sociais, culturais e económicas do país, nomeadamente no pós 25 de Abril de 1974.
É praticamente impossível fazer uma comparação entre as mães de outrora e as de hoje. Há diferenças, principalmente no que respeita à transmissão dos valores educacionais e no papel precioso dessas mulheres que sabiam «educar» mas também constituíam pontos de continuidade que ilustravam a resistência, a adaptação e a transformação do papel materno na sociedade.
Cabia à mãe a educação das crianças. Era ela que transmitia os valores morais, religiosos e culturais, de forma oral e intuitiva. Pretendiam para os filhos um futuro melhor, para não terem dificuldades económicas. A figura materna era associada à força, ao sacrifício e à submissão às normas tradicionais de género, onde o papel da mulher era cuidar do lar e da prole, enquanto o homem devia prover o sustento.
Isso são tempos que já lá vão, porque um ordenado não chega para manter uma casa e a mulher teve de sair de casa para trabalhar. Isso terá começado na 2ª Guerra Mundial, quando os homens foram para a frente da batalha e as muheres foram para as fábricas.
Com o avanço da civilização, da educação e dos direitos civis, as mães atuais enfrentam um cenário muito mais diversificado e complexo. Hoje, elas desempenham múltiplos papéis: profissional, esposa, mãe, dona de casa, ativista e muitas vezes uma combinação de tudo isso. A mulher moderna busca autonomia, realizações pessoais e profissionais, enfrentando o desafio de equilibrar todas essas responsabilidades.
E apesar de uma maior liberdade, a desigualdade de género continua. Para o mesmo trabalho ordenado diferente. Num concurso para um emprego, a mulher é semore preterida.
A educação das crianças também mudou radicalmente. Hoje, há uma preocupação maior com o desenvolvimento integral, incluindo aspectos emocionais, cognitivos e sociais. Mas, com mães fora de casa, a transmissão de valores deixou-se para a escola que não pode fazer nada. As mães, que há cerca de 20 anos, procuravam buscar uma formação mais sólida, agora procuram «armazéns», onde deixar os filhos, enchendo-os de atividades extracurriculares. O tratamento que envolva problemas que exijam terapias e acompanhamento psicológico fica para a escola.
Outro aspeto diferenciador que acarreta problemas sócio afetivos é a diversidade de modelos familiares e de maternidade. Com o reconhecimento de diferentes orientações sexuais, famílias monoparentais, mães solteiras e casais homoafetivos, o conceito de maternidade ampliou-se e está a tentar reinventar-se, com dificuldade. .
A sociedade tornou-se mais plural e inclusiva, é o que está escrito no papel, desafiando padrões tradicionais e enfrentando julgamentos e preconceitos.
As mães de hoje também lidam com desafios inéditos, como a influência das redes sociais, a sobrecarga de informações, o aumento da violência urbana, as pressões económicas e a insegurança no mercado de trabalho. Diz-se que há uma maior consciencialização sobre os direitos das crianças e a importância do afeto, do diálogo e do respeito na relação mãe-filho. Quando é que o diálogo existe, se estão todos à mesa a teclar nos telemóveis ou tabletes?
E quantas vezes enfrentam a dupla jornada, conciliando trabalho remunerado e cuidados com os filhos, o que gera stresse e cansaço. Fala-se muito em valorizar a saúde mental, o autocuidado e o fortalecimento da rede de apoio familiar, comunitária e institucional.
Apesar das diferenças, há pontos de continuidade entre as mães de outrora e as de hoje. A figura maternal é vista como fonte de amor incontestável, proteção e esperança. As mães sempre foram o alicerce emocional da família, independentemente das circunstâncias sociais ou económicas. Além disso, o desejo de oferecer uma vida melhor aos filhos permanece como um valor universal, atravessando gerações.
A resistência feminina diante das dificuldades, seja na luta contra a pobreza, a opressão ou os preconceitos, sempre encontrou nas mães a força, a coragem e a criatividade para garantir o bem-estar de suas famílias.
A comparação entre as mães de outrora e as de hoje revela a transformação, marcada por avanços sociais, mudanças culturais e aumento da autonomia feminina. As mães de antigamente eram frequentemente símbolos de sacrifício silencioso e resiliência face às adversidades, as mães atuais buscam equilibrar os múltiplos papéis com autonomia, direitos e buca incessante de reconhecimento social.
Contudo, continuam a representar o papel fundamental na construção da sociedade: o de cuidar, educar, amar e transmitir valores que moldam o futuro do país. Será?
Numa sociedade utópica, essa evolução seria fundamental para valorizar o trabalho e a dedicação das mães em todas as épocas, promovendo uma sociedade mais justa, equitativa e acolhedora para todas as formas de maternidade, o que não é. O amor materno, nas suas diferentes manifestações, permanece como uma das forças mais nobres e transformadoras da sociedade, se para isso estiverem empenhadas, o que, infelizmente, não é verdade.
Temos de começar a estudar a nossa sociedade, de modo que os valores comecem a ser ensinados, transmitidos em casa e a escola seja apenas uma figura secundária na sua implementação.
Os Contos Maravilhosos e as Histórias de Encantar- a sua importância
Maria Teresa Portal Oliveira
A ALQUIMIA DAS PALAVRAS
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