A escrita é a minha paixão. Embora me deleite com o encontro com a palavra lida, é a junção dos grafemas que me encanta e transporta para outros mundos. Nunca tenho encontros previamente marcados. Eles acontecem com múltiplos fins: distração, gozo, guindaste que me arranca do subterrâneo frio, escuro, deprimente onde a vida me encerrou.

Às vezes, são meras conversas fortuitas entre mim, o papel e o marcador, uma meia dúzia de linhas, uma imagem bem conseguida, o tema para uma história, o começo de uma crónica, alguns desabafos intimistas.

Outras vezes, assaltada por um frenesim súbito, largo tudo e escrevo, escrevo... até conseguir esvair-me de todas as ideias, emoções, sentimentos... em prosa ou em verso.

Frequentemente, cansada, desiludida, busco no papel a palavra amiga, cúmplice que me reconforte e retempere as forças, esquecendo-me até do lugar onde estou.

É com a escrita que parto à desfilada para outras paragens, sempre na companhia das palavras que me assaltam, na ânsia de saltarem para o papel, autênticos puzzles de personagens, de enredos, de ações que vão surgindo.

Ah! As minhas palavras têm de ser manuscritas. Só assim o prazer é completo, pois não compactuo com novas tecnologias.