A alcateia partira em busca de água e Pata Branca preocupava-se com Lobinho e Lobão, os dois filhotes. Lobinho, a cria nascida recentemente, tinha dois meses e, ajuizado e cumpridor, era filho do Lobo alfa Pata Branca. Lobão, um ano mais velho, era seu irmão e tinha um nome apropriado ao seu corpanzil, má disposição e rebeldia.
Embora o mais novo quisesse companhia, o mais velho gostava de liberdade e era arredio e solitário. Ninguém lhe dava grande importância, porque tinham todos de se preocuparem com os mais fracos e não com os que se podiam defender sozinhos, ou pelo menos, era assim que todos pensavam.
Pata Branca sabia que assim não era. Um lobo isolado corria sério risco de não sobreviver por aquelas zonas da savana. Os lagos eram todos naquelas bandas e, na época de maior calor, todos se juntavam nas suas margens, predadores e vítimas. Andar em grupo era sempre o mais aconselhável.
A alcateia pôs-se a caminho em busca de uma zona com mais água e mais animais. Ambos seguiam no centro protegidos pelos adultos, mas Lobão, desobediente por natureza, cedo procurou sarilhos.
Afastou-se e aventurou-se por uma vereda. Não tardou estava rodeado de hienas e uma leoa também seguia atentamente a sua marcha. Lobão bem uivava e gania… a alcateia estava distante. Ninguém o ouvia.
Enquanto procurava uma maneira de escapar a uma investida de algum destes felinos, Lobão ia pensando no grupo. Se tivesse ouvido as palavras sensatas do pai ou os conselhos sábios da mãe, não estava metido naquela embrulhada da qual dificilmente sairia com vida.
Entretanto, lá atrás, bem no centro da alcateia, angustiado, Lobinho alertou Pata Branca.
-Pai, Lobão saiu da alcateia...
O pai deu uns uivos que se ouviram a quilómetros. Quem se metesse com a sua família, era como se metesse consigo. Logo, alguns machos e fêmeas foram procurar o filhote rebelde.
Farejaram-no e chegaram junto dele, quando uma leoa preparava o ataque. Distraída, a fêmea não pode fazer nada, porque a alcateia atacou em conjunto e rapidamente os lobos a feriram gravemente abandonando-a para servir de repasto às hienas, que se banquetearam gargalhadeando.
Maria Teresa Portal Oliveira
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