A Sofia e a Pedra Mágica

Esta é a história de uma menina chamada Sofia, que vivia numa pequena cidade com os pais e o cão Tejo.


Adorava brincar no parque, ler livros e passar tempo com os amigos e levar o Tejo a passear todos os dias. Nunca se esquecia. Aliás, o pai só lhe tinha dado o cão, porque se comprometera a cuidar dele. Para além do passeio, por vezes bem divertido, mudava-lhe a manta onde dormia e cuidava da sua alimentação. Mas, grande parte dos seus tempos livres era passada a ler. Era a maior leitora da sua escola e ganhava todos os concursos de leitura e de escrita criativa. Tinha um caderninho onde apontava as ideias para as suas histórias e as palavras difíceis que a encantavam. De tudo fazia uma história. Tinha uma imaginação prodigiosa.


Um dia, enquanto caminhava pela floresta próxima de casa, Sofia encontrou uma pedra brilhante. Curiosa, pegou nela e sentiu como que uma ligeira corrente elétrica a envolvê-la.

Era uma energia mágica, só podia, e a pedra brilhava como se tivesse luz interior.


Acabou por descobrir que era uma pedra especial, pois concedia a quem a possuísse o poder de se transportar para diferentes lugares e mundos.

Descobriu isso por acaso, porque pensou num lugar no meio do bosque onde costumava ir, pois tinha um lago cheio de peixinhos vermelhos e borboletas de todas as cores. Flores de estranha beleza lançavam os seus perfumes e ela sentia-se sempre tonta com os aromas. Era um lugar muito especial. Mas, do que gostava mais, era de sentir a magia daquele lugar, que a inspirava para a escrita e onde nunca havia nada feio nem acontecia nada fora do normal.


Ao pensar nesse local, logo apareceu perto do lago, bem juntinho da pedra em que se sentava para pensar nos seus trabalhos da escola e num livro de histórias que andava a escrever às escondidas.


Descoberto o segredo da pedra, a sua magia, Sofia decidiu testar o seu poder e, apertou-a ligeiramente, enquanto fechava os olhos. Sentiu um turbilhão de emoções e, quando abriu os olhos, viu-se num lugar totalmente diferente.


Estava num mundo de fantasia, cheio de criaturas mágicas e paisagens deslumbrantes. Um pouco assustada, Sofia decidiu explorar aquele mundo novo e emocionante.


Ao longo das suas aventuras, ela encontrou novos amigos, enfrentou desafios e aprendeu lições importantes sobre coragem, amizade e empatia. Não foi nada fácil resistir ao medo e tomar o caminho mais fácil - desistir.


Também não foi tarefa ligeira o ter de superar algumas repulsas inatas para com animais e, mesmo com certas pessoas.

Com a ajuda dos novos amigos (foram tantos os que arranjou) e da pedra mágica, Sofia conseguiu superar todos os obstáculos (vencer um dragão, salvar uma princesa enfeitiçada, encontrar uma pastora perdida com uma cabrinha ao colo, derrotar um lobo que queria comer a Capuchinho Vermelho – estranho, tinha entrado na história, sem saber como - estragar o feitiço de uma bruxa às voltas com uma mistela fumegante e mal cheirosa, encontrar o anel de uma jovem que o procurava desesperada e mais uma série de aventuras um pouco estranhas.


Depois, voltou para casa.

Ao retornar, Sofia percebeu que a experiência a fizera crescer e tornar-se uma pessoa melhor. Ela guardou a pedra mágica num lugar seguro, sabendo que sempre teria a lembrança das incríveis aventuras que vivera e que, sempre que quisesse, poderia recorrer à pedra para viajar para a terra da fantasia.


E, no mundo real, a pedra funcionaria? Foi passear com o Tejo, a pedra no bolso, e viu o Pedro, um mendigo que conhecia há tempos. Era inofensivo e contentava-se com um pedaço de pão e um teto para dormir. Tinha uma vida muito sofrida que ela escrevera no seu caderno e, muitas vezes, levava-lhe de comer.


Naquele dia, antes de chegar à esquina onde se ele se encontrava, pensou no café do Sr. Manuel e logo se viu mesmo em frente dele. Entrou e pediu pão com qualquer coisa para o seu amigo. Manuel conhecia o Pedro e a sua história, pois tinham feito a primária juntos, antes do azar cair sobre a sua cabeça. Depois, convencera-se que era um castigo merecido e recusara toda e qualquer ajuda. Ela ainda havia de tentar mudar a sua maneira de ver o mundo, mas ainda era muito pequena. E, ele foi um dos motivos por que decidiu ser psiquiatra. Os problemas mentais apoquentavam a humanidade cada vez em maior número e tinha de haver pessoas com formação para as ajudar.


E assim, Sofia continuou a viver sua vida normal, mas sabendo que, se quisesse, poderia voltar a explorar novos mundos e viver novas aventuras a qualquer momento. Afinal, o poder da magia estava sempre ao alcance das suas mãos.


O mundo real podia ser imaginado constantemente e, se todos quiserem ajudar, ele transformar-se-á num reino maravilhoso.


Maria Teresa Portal Oliveira

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