Edazima

Edamiza surgiu num nó do tempo, um laço mágico que fazia estranhas conexões. Ligava os corações e transformava a vida das pessoas.

Em princípio, devia fazer esse trabalho ao serviço do Bem, mas, com o rodar dos séculos, começou a fazê-lo aldrabado e criou gente intrinsecamente má, gente que tirava prazer do mal que fazia e só era feliz, quando via lágrimas, soluços, ranger de dentes.

Nem todos tinham capacidade para a enfrentar e a infelicidade começou a grassar por todo o lado.

Na pequena aldeia, onde os campos floridos se estendiam até perder de vista, viviam dois amigos inseparáveis: o Mateus e a Deolinda. Eles partilhavam risos, segredos e sonhos, desde muito pequeninos. Infância risonha e despreocupada.

O Mateus, um garoto curioso, gostava de explorar os arredores da aldeia. Já a Deolinda sonhava acordada, era criativa e adorava contar histórias.

Juntos, inventavam aventuras, construíam fortalezas feitas de ramos, galhos, raízes e folhas. Era aí que passavam horas a brigar e a celebrar vitórias e derrotas imaginárias. Se ganhavam riam, se perdiam, logo procuravam outro rumo para vencerem.

Um dia, enquanto exploravam a floresta próxima da aldeia, descobriram um lugar mágico: um lago escondido, cercado por árvores tão velhas, tão velhas, que não conseguiam ver a copa e os troncos não os conseguiam abraçar… nem os dois juntos.

Essas árvores sussurravam ao vento, conversavam com ele.

Que diriam?

Mateus perguntou:

─ Olhem lá, estão sempre a sussurrar. Sobre quê? Contem-nos os vossos segredos?

Um castanheiro, irritado, respondeu-lhe:

─ Segredos do vento que passa, que trazem notícias de outras partes do mundo e de outros mundos.

─ Que mundos?

Já não recebeu resposta.

A ventania, lá no alto, começou a ser mais violenta e ficaram assustados.

─Cala-te, Mateus!

Aceitou o pedido da Deolinda e tudo pareceu acalmar-se.

O lugar só podia ser encantado e, quando se deitaram à beira da água cristalina, decidiram que lá voltariam, acontecesse o que acontecesse.

Edazima resolveu fazer das suas.

Com o passar do tempo, a vida trouxe novos desafios. Mateus, aos treze anos, teve que se mudar para outra cidade com a sua família. O coração de Deolinda ficou pesado, mas prometeu a si mesma que manteria a amizade viva. A distância não importava.

Os anos passaram a correr, e embora a vida se tenha encarregado de os afastar fisicamente, mantinham a ligação por pensamento. Trocavam cartas, mensagens e ligações telefónicas (o telemóvel e o computador ainda não existiam), e relembravam sempre as suas aventuras no lago encantado.

Quando se reencontraram, já adultos, foi como se o tempo não tivesse passado. Eles riram, choraram e, é claro, voltaram ao lago.

A amizade não é apenas sobre estar perto; é sobre estar presente no coração um do outro, não importa a distância. E assim, aqueles dois amigos continuaram a criar novas memórias, mostrando aos outros que a verdadeira amizade é eterna e capaz de resistir a qualquer desafio.

E foi assim que a amizade se tornou não apenas uma história, mas uma eternidade, escrita nas páginas da vida deles. E assim, viviam felizes, com o coração sempre conectado, mesmo que estivessem em lugares diferentes.

Quando a tecnologia chegou, já eles eram crescidos e tinham de guiar a sua vida, mas ainda arranjavam uns minutinhos por semana para se poderem juntar.

E, como eram lutadores, embora seguindo caminhos diferentes, ambos levaram para diante uma vida onde o conforto não faltava. Ele tornou-se engenheiro civil e ela enfermeira de geriatria.

E, nas férias grandes, quando os filhos estavam em férias, começaram a programar um destino que juntasse as duas famílias, fosse ele cultural ou recreativo, dentro do país ou a viajar pelo estrangeiro.

Sabes quem é a EDAZIMA?

Ora lê o nome ao contrário, do fim para o início.

E vitória, vitória, acabou a história.