Cansada de chover sempre nos mesmos campos, a nuvem Branquinha decidiu fugir. Rindo do trovão, deslizou pelo céu como um sonho fugitivo. Queria ver o mundo, brincar com os raios de sol, saltar montanhas e mares.

Mas o céu é vasto e guarda malfeitores. Lá longe, girava o Furacão Tito, orgulhoso da sua força e das suas danças destruidoras. Quando sentiu o perfume leve da pequena fugitiva, lançou-se na sua perseguição.

Branquinha tentou esconder-se atrás das serras, mas o vento denunciou-a. Então, o furacão envolveu-a num abraço rodopiante — um turbilhão cheio de força,  raios e trovões.

Por um instante, tudo parecia acabar: o céu escureceu, as árvores curvaram-se, e o mar revoltou-se assustado. Mas, no meio do caos, Tito sentiu algo que nunca havia sentido — a ternura. A leveza de Branquinha acalmou-lhe o ímpeto, e o rugido do vento transformou-se num murmúrio doce.

Aos poucos, o furacão deixou de girar com fúria. Abraçou a nuvem com cuidado, e juntos subiram, dançando entre cores e luzes. Onde antes havia destruição, agora caíam pingos suaves — uma chuva morna e alegre.

Desde então, contam que, quando o vento sopra com carinho e o céu se veste de prata, é Tito a rodopiar com Branquinha, o furacão que aprendeu a amar.