O sono desapareceu

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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

terça-feira, 12 de dezembro de 2023


O sono tinha desaparecido da terra dos escritores. Ninguém sabia como nem porquê. Só tinham ficado os sonhos e os pesadelos. Os sonhos rapidamente desapareceram. Sem o sono começaram a ter pesadelos, a vivê-los acordados. Era isso que pensavam. O sono fugira. Porquê? Era tão necessário.

Andam todos como se fossem Zômbis, macilentos, com olheiras e, claro, na escrita criativa, só saía asneirada. Os alunos não aprendiam nem os professores sabiam o que deviam fazer. Ficavam estáticos a olharem para os computadores e os acidentes sucediam-se em todo o lado. Os livros corriam um grave riso de desaparecerem. Reinava o caos.

Para a Escrita Criativa não há médicos, técnicos ou enfermeiros a quem recorrer e todos padeciam do mesmo mal. Já desesperavam.

Era preciso procurar o sono. Para onde poderia ter ido? E quem o procuraria se estavam todos apalermados?

Foi aí que entrei eu. Uma nuvem pequenina, um balão de pensamento. Deambulei pelas mentes, pelos ares à procura do sono. Andava num grande vazio, em que penas via, não ouvia, não cheirava, não sentia nem andava nos braços do vento inexistente.

Quando já desesperava, cruzei-me com um balão de fala que tinha uma idiotice qualquer escrita, pensei eu. Prestei mais atenção e vi que era um pedido de socorro.

-Socorro! Estou perdido algures bem longe da terra.

Como? Patético!

Já virava costas quando a encontrei. Sentada num sofá, manuscrevia algo num bloco. Parecia não estar a prestar atenção ao que fazia porque olhava para um episódio de uma série que reconheci – Blue Bloods.

Quase me distraía também. Aterrei na sua mente e vi que, em modo automático, escrevia sem prestar atenção ao que fazia. Já não era a primeira nem seria a última vez.

Era na história que o sono tinha desaparecido. Tinha de o devolver ou as personagens não apareceriam e não haveria enredo. Restaria apenas o nada.

Instalei-me bem na retina do olho e ela estremeceu. Pareceu acordar. Olhou para o que estava escrito e percebeu. Uma noite de insónia fora a responsável. Deu uma risada e escreveu. “O sono regressará quando eu fizer uma sesta.”

Adormeceu e o sono voltou ao reino dos escritores.

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