Relações humanas, um bicho de sete cabeças 1


O fosso intergeracional…

O fosso entre gerações é uma realidade que se vem constatando ao longo dos séculos. Desde sempre que as relações entre uns e outros se vão estabelecendo com maior ou menor atrito e dificuldades.

Convenhamos que é muito difícil criar e cimentar relações humanas num tempo em que tudo dura apenas um momento, porque acontece ali, agora e não volta a repetir-se.


Os sentimentos, as emoções necessitam de tempo para se cimentarem e tempo é o que não existe nos tempos que correm. As novas gerações adoram a velocidade e a tecnologia que funciona ao simples toque de uma tecla ou de um botão. Vivem cercados de monitores a que, rapidamente, dão resposta sem qualquer atraso ou problema. Nem precisam de ler instruções! Parece que toda aquela informação «informática» (passo o pleonasmo!) já nasceu com eles. Possivelmente, eles já vêm com um chip incorporado, algo que ultrapassa a compreensão daqueles que nasceram numa outra era, a de Gutenberg (bastantes), a do Audiovisual (a maioria).


Apenas algumas décadas nos separam e somos tão diferentes… Para esta geração, muito mais do que para a minha, é válida a frase «Uma imagem vale bem por mil palavras». Eles pertencem, sem dúvida nenhuma, ao mundo da imagem que passa velozmente e que muda a cada instante. Por isso mesmo, são cada vez mais avessos à palavra.


E não me refiro apenas à palavra escrita, da qual são inimigos mortais e figadais. Não lhes falem em livros porque é o mesmo que pedir uma congestão, muito compreensivelmente. Para esta camada humana jovem, o papel é algo que está a desaparecer e de que não sentem a falta, a não ser de alguns muito específicos: o papel higiénico (lá virá o tempo em que nem esse será necessário!), os guardanapos, os toalhetes de cozinha (onde limpam toda a série de porcarias!) e os lenços. Bem, e não quero entrar aqui na onda da roupa descartável que já é uma realidade a nível das cuecas e de mais algumas peças de vestuário.


Lá virá o tempo em que o slogan será «use e recicle». Pelo menos, poupa-se água e energia, já que não é preciso lavar e muito menos passar roupa a ferro. São estas as variedades de papel que os jovens conhecem, porque as outras só as conhecem de forma muito rudimentar.

Há alunos que conseguem andar o ano inteiro sem caderno diário. Culpa deles, culpa do sistema, já que os professores são obrigados a aceitar essa incongruência após uma luta estéril por uns tempos (culpa também deles!) e culpa dos pais que, na maioria dos casos, se estão a baldar completamente para a escola.


Mas, falava do papel, nomeadamente, o dos livros que por eles é considerado como um consumo exagerado das reservas naturais do planeta, as árvores. Para contraporem estes argumentos já lhes interessa adquirirem alguns conhecimentos básicos sobre ecologia e medidas de recuperação e prevenção da deterioração do Planeta Azul…



Maria Teresa Portal Oliveira

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