Relações humanas, um bicho de sete cabeças? - 2

As relações nos dias de hoje… Tudo é efémero…

Mas dizia eu, no início deste texto, que é difícil criar e cimentar relações nos dias de hoje, em que a velocidade só é igualada pela efemeridade dos momentosque passam e dos factos que acontecem. Tudo muda num breve piscar de olhos até mesmo a Tecnologia que os jovens endeusaram e endeusam quotidianamente. Sem ela, a vida seria desinteressante e monótona. Eles gostam de tudo quanto lhes tira o trabalho - é a fast food, que qualquer dia aparece sob a forma de pílula para engolir com todos os elementos essenciais para uma alimentação saudável, racional e equilibrada; o pronto a vestir, cujo futuro se adivinha sob a forma de descartável ou de autolavável, ultraconfortável e superleve, uma segunda pele ao alcance da mão que fará desaparecer todas as imperfeições do corpo aos olhos dos outros; os jogos eletrónicos interativos, cuja ficção se confunde com a realidade, às vezes de uma forma um tanto ou quanto perigosa; os filmes que elogiam poderes sobrehumanos e incitam os jovens a serem superheróis num mundo em que a competição desenfreada é a lei.


Facilidade de adaptação à mudança frenética

Mas os jovens gostam dessa mudança frenética e adaptam-se com grande facilidade. Nós é que lhe somos avessos porque nos recusamos a ser comandados por máquinas e a manusear teclados. Nós gostamos de fazer, de mexer, de manusear. Eles gostam de ver, de assistir, de ficar plasmados e grudados a um monitor de uma qualquer máquina a divertir-se passivamente com um jogo que se desenrola à sua frente depois de lançados os dados. Somos realmente gerações muito diferentes.


O famoso fosso…

Esta é uma constatação feita ao longo dos séculos. O famoso fosso entre as gerações, a tal constante invariável ao longo da história! E, quando estes jovens amadurecerem, crescerem e se multiplicarem, seguindo a ordem natural e normal das coisas, também eles dirão a respeito dos seus descendentes que a geração nova é frenética, irrequieta, inconsciente, rebelde. Não é essa a diferença entre a juventude, a idade do desafio e da esperança no futuro, e a maturidade, a idade da realidade e da concretização?

Sem dúvida que é difícil criar e cimentar relações hoje como o foi ontem. Os tempos mudaram e a mudança frenética mexe com o próprio tempo.


A mudança está em cada um de nós…

Cabe a cada um encontrar uns segundos, uns minutos por dia para concretizar esta ou aquela relação com os amigos, com a família, com os pais, com os filhos, com os companheiros de trabalho.

Bastará um sorriso, um incentivo, uma carícia, um «estou aqui», um «amo-te», um «gosto de ti». Para quê complicar as coisas? Assim se estabelecerão os alicerces para uma sólida camaradagem, amizade ou amor.

Os instrumentos mudam mas os sentimentos permanecem e o caminho a percorrer é o mesmo - cultivar paciente e diariamente esse pequeno arbusto ou árvore para que possa vingar e crescer.


Maria Teresa Portal Oliveira

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