A dor calou fundo
Nas penumbras da memória.
Chorei que me fartei
Até secar a fonte.
Ecos de risos foram-se.
As entranhas revolveram-se
Sombras fugidias que a raiva,
A dor, o tempo devoram.
Guardei-te profundo rancor.
Para onde foi o amor perfeito?
As paredes sussurram segredos de um passado
Que nunca existiu, apenas fingiu.
Os sonhos quebrados dos teus pés de barro
Implodiram reduzidos a nada.
Caminhos, que antes trilhara,
Eram sonhos quebrados, vidros estilhaçados,
Escondidos de todos à vista.
Chorei lágrimas de sangue,
Entre lembranças caladas.
Na solidão de quem está só
Sem proferir um dó.
Prefiro a solidão à comiseração.
Essa amiga cruel abraça-me apertada.
Os falsos partiram em debandada.
Amigos? Encontro o vazio.
Construí paredes e fechei o coração.
Não busco consolo.
Sou amarga, dura,
Guardo a minha essência pura.
Em cada lágrima uma história se tece
E, na solidão, a alma se fortalece.
Não me darei por vencida
Maria Teresa Portal Oliveira
A ALQUIMIA DAS PALAVRAS
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