A História do NADA

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sábado, 25 de fevereiro de 2023

sábado, 25 de fevereiro de 2023


Era uma vez o NADA, filho de coisa nenhuma e de algo nunca visto.

— Então como o vais descrever? — ouvi bichanar no meu ouvido.

Bem, era inodoro, indivisível, insípido, indomável, incomum, indesejável, incapaz de estar parado.

E o nada percorria o mundo montado na brisa que sopra muito de mansinho nas madrugadas orvalhadas cujos mantos de pérolas são visíveis apenas aos olhos insondáveis dos escritores.

Sendo capazes de dar vida ao inanimado, de ressuscitar mortos, de voar com as nuvens e o pensamento são apenas eles quem conhecem o Nada, pois do Nada se constrói a história, nasce a poesia, enreda-se o romance e se tecem os fios da imaginação e da criatividade. Não existe, dizem. Claro que existe e todos os conhecem.

"Queres alguma coisa?" "Não, não quero nada".

"Fizeste alguma coisa?" "Não, não fiz nada".

Estamos sempre a chamá-lo, a fazê-lo aparecer. E assim lhe damos existência.

— Que raio de história estás a fazer? — volta a vozinha.

— Nada — replico.

— Estás a gozar comigo?

— Não, não estou nada.

Se há uma Terra do Nunca, pode existir uma Terra do Nada, não? Situada algures no universo, no vazio, num negrume especial ou no pensamento humano.

Pode ser em qualquer lugar, mas existe.

E o Nada, minúsculo, aparece na folha branca à minha frente. Começa por ser um ponto e transforma-se num fio ininterrupto de palavras que, agarrando-se umas às outras, constroem frases e estas originam textos que contêm histórias do arco-da-velha, de amor, de terror... ou então expressões soltas que, saltando de linha em linha, dão substâncias às poesias, brincando umas com as outras.

Ainda não decidi que rumo dar a estas frases que surgem do Nada. É apenas uma história singela de uma coisa que não existe que criou algo de concreto — o mundo real dos escritores.

Se eu fosse ilustrador, ia ver-me em palpos de aranha para ilustrar esta história do Nada. Mas, como não sou, eles que tentem.

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