Uma história a 4 mãos: As primeiras 100 palavras são da escritora Natércia Dias, as segundas 200 são minhas, Maria Teresa Portal Oliveira/escritora.

ENCONTRO COM O DESEJADO

O nevoeiro dissipara-se. Ruídos tinham origem na queda dos pedaços de sincelo.

Uma figura do passado sacudia os pingos descongelados.

Maria ensaiou a fuga, mas os pés presos…

Escutou a apresentação:

— Sou Sebastian, the King.

A menina destrancou a língua:

— Escutai Majestade, estais a armar aos cucos? Esses chegam na primavera! Sabeis das alterações climáticas?

O “Desejado” propôs-lhe uma cena da lâmpada dos desejos. Com austeridade. Um! Mas muito significativo!

Maria pediu-lhe uma lista de livros portugueses, engavetados no desconhecimento.

Não é que existia!?

Iam entregá-la às redações dos jornais nacionais.

A jovem, embalada pelas profecias, clicou em Alcácer- Quibir.

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O que foi fazer!

De repente, viu-se na corte do tal Sebastião, onde um fidalgo andrajoso sem um olho, começava a ler um poema (assim lhe pareceu): As armas e os barões assinalados, / Que da ocidental praia Lusitana, / Por mares nunca de antes navegados, /Passaram ainda além da Taprobana…

Reconheceu o texto como sendo a proposição do épico “Os Lusíadas” do grande Camões.

Espantada, viu que o tal “Desejado”,que desaparecera na dita batalha, não a via. Nem ninguém do séquito real.

Teve medo de não conseguir regressar.

Já não havia lista, mas ela sabia que uma obra da altura era D. Quixote de La Mancha escrito por Miguel de Cervantes e já se falava de um Shakespeare que fazia furor na aliada Inglaterra. Anterior a esse, falava-se dos Cavaleiros da Távola Redonda, já desde o século XII, manuscritos, pois não havia imprensa.

Um nevoeiro caiu novamente, um manto leitoso onde mergulhou sem saber o Norte e receou não conseguir regressar.

Viu-se no meio do lodaçal, de onde conseguiu sair a custo. Do vulto, nem sombra.

Viajara ao passado?

Ela e a História…

Regressou a casa, cobrindo-se com o casacão que a impedira de enregelar.

Que situação mais estranha!