Era um país estranho em que os habitantes tinham mãos semelhantes aos outros, que foram ficando gradualmente diferentes. Era um país em que os habitantes eram feitos manualmente por fadas cumprindo ordens rigorosas do Grão-Mestre.

Um dia, uma terrível praga surgiu e as mãos de todos os habitantes começaram a enfraquecer. Mesmo aquelas que antes eram ágeis e habilidosas, agora estavam fracas e incapazes de cumprirem as suas tarefas diárias.

O povo sofria com a impossibilidade de tratar das suas atividades, fossem ela laborais ou recreativas.

Agora chamavam-lhe o país das mãos cansadas.

Porquê? Conforme a fada que estivesse a fazer aquele humano fosse competente ou não. Assim, havia pessoas com mãos trabalhadoras e outras que detestavam trabalhar. Se quem estivesse a montar aquela pessoa fosse a Fada Dorminhoca, a Fada Preguiça e outras tais, era um Deus nos acuda. Até adormeciam a colocar as mãos.

Ora, durante uns tempos, muitas pessoas vinham todas cansadas, embora todos os habitantes, à partida, possuíssem mãos ágeis e habilidosas. Assim indicava o esquema de montagem.

Neste país, as mãos eram a sua maior riqueza, pois usavam-nas para construir, criar e cuidar de tudo e também para escrever e ler. Estas duas últimas capacidades eram primordiais para os jovens, pois só assim poderiam seguir o Ensino Superior, de Técnico Especializado, um Curso Profissional e escolher o caminho que queriam dar à sua vida,

para que dessa forma o país pudesse evoluir e contribuir para a economia nacional e global.

Desesperados, os habitantes do país das mãos agora cansadas buscaram em todos os cantos uma solução para a praga que os assolava.

Um dia, apareceu um sábio que deu esperança ao povo.

O velho ensinou aos habitantes do país das mãos cansadas que a força das mãos não estava apenas na sua agilidade e habilidade, mas sim na união e solidariedade entre todos. Ele mostrou que, quando as mãos se unem, são capazes de superar qualquer desafio. Começaram a semear os campos um a um e, na altura da apanha da fruta ou da ceifa levavam também os campos a eito, sem tentarem trabalhar sozinhos e de forma esforçada e cansativa.

Assim, os habitantes do país das mãos cansadas uniram-se e começaram a trabalhar em grupo para combater a tal praga. Com trabalho conjunto, firmeza e coragem, eles conseguiram superar a dificuldade e restaurar a força e a agilidade das suas mãos.

E assim, o país das mãos cansadas voltou a prosperar e tornou-se ainda mais forte do que antes, mostrando que a união e a solidariedade são as verdadeiras forças que movem o mundo.

E viveram felizes para sempre, com mãos fortes e unidas.

Mas a história não acaba aqui, pois não?

A Fada Dorminhoca, a Fada Preguiça e as outras que tais foram a grande causa de toda esta embrulhada, porque tomaram conta do país durante um século. Para nós, é muito tempo. Para o Reino da Fantasia é apenas um minúsculo grãozinho de areia.

O Grão-Mestre chamou-as e, durante mil anos, foram proibidas de exercer aquele ofício, um dos mais agradáveis para elas.


Maria Teresa Portal Oliveira

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