Maria-Coruja-das-Torres

Maria-Coruja-das-Torres era uma corujinha ciosa da sua independência, muito sábia e caçadora inata. Morava na torre do campanário da igreja e, de noite, substituía o badalar do sino com o piar soturno dos seus Ú-Ús, quando voava silenciosamente para caçar.


Um dia, a tia Matilde Coruja apareceu. Não gostava dela, porque era bruxa e fazia o mal por diversão.

As duas explicavam as interpretações simbólicas diferenciadas: símbolo da sabedoria ou da morte e bruxaria…


Que ia acontecer?

Dali não esperava boa coisa. Lá ia ela incomodar-se com os comportamentos da tia que manchavam a sua reputação e a irritavam.


Todos a procuravam para pedir conselhos:

─ Corujinha, que faço? O gato não me deixa em paz. ─ queixava-se o ratinho do campo que tinha de fugir das ratoeiras da Adelaide e das garras do Bichano.

─ Corujinha, como posso alimentar as minhas crias? A floresta ardeu e não tenho que caçar! ─ queixava-se a Raposa Vermelha.

A essa compreendia-a ela, que também vira o território onde caçava substancialmente muito reduzido. Aquele maldito incêndio criminoso destruíra espécies protegidas da flora territorial e muitos animais.


E muitos outros a procuravam. Até as fadas que tomavam conta da floresta. A todos aconselhava e ia procurando solucionar os problemas.


Agora a chegada da tia só ia causar problemas.

E acertou.

─ Então, sobrinha, continuas a mesma idiota? Auxilias todos os que te pedem ajuda?


Não respondeu, mas enviou-lhe um olhar que reduziu a tia a um silêncio respeitoso. Ela conhecia a sabedoria da pequena e não a queria irritar.

─ Olha, só apareci, porque estou a ficar muito cansada e não sei como fazer. Ninguém me respeita e, mesmo que tente praticar o bem, sai-me tudo errado.


Corujinha olhou-a desconfiada. Aquele arrazoado servil só lhe despertou mais a atenção. Qualquer coisa ia acontecer e ela não ia gostar.


E, se bem o pensou, melhor o adivinhou.

A tia queria que ela baixasse a guarda para a matar. Tinha feito uma grande asneira na Terra do Nunca e a pena para se safar era matar alguém que conhecesse que fizesse o bem.


Nessa noite, enquanto dormitava e levantava voo, ao ouvir algum rastejante ou barulhinho suspeito, só não morreu, porque tinha saído para caçar.


A tia não se apercebeu e tinha vertido uma poção nauseabunda sobre o seu poleiro. Se lá estivesse tinha ficado reduzida a nada.

Irritada, fez uso da sua sabedoria e com um feitiço poderoso (sim, ela também era bruxa, mas trabalhava para o bem) enviou-a para os confins do Mundo das Pedras e Pedregulhos onde são aprisionadas as pessoas maldosas e os atos maldizentes.


Nunca mais se ouviu falar da coruja Matilde, nem dos seus colegas do mal, pois o feitiço enrolou-os a todos no mesmo abraço mortal.


Gostaste? Espero que sim. Não faças asneiras nem magoes os outros. O que fizeres de mal vai recair sobre ti mais cedo ou mais tarde e os remorsos acompanhar-te-ão toda a vida.


Beijinhos da Maria Coruja.

Maria Teresa Portal Oliveira

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